
PROFESSOR CORREINHA: O PRIMEIRO DOCENTE DE LÍNGUA INGLESA DA INSTITUIÇÃO
17 de agosto de 2025
O MARCO PIONEIRO PARA O STATUS DE LÍNGUA FRANCA PARA O INGLÊS
17 de agosto de 2025Fora do contexto educacional, ainda que exercendo influência direta sobre o sistema educacional brasileiro, a política da Boa Vizinhança estadunidense também atuava sobretudo na esfera cultural, promovendo propaganda em favor dos costumes estadunidenses em programas de rádio e cinema, além da implementação de centros culturais binacionais para a divulgação e ensino da língua inglesa no Brasil. Nessa época, o governo dos Estados Unidos criou um departamento exclusivo para lidar com essas questões, o Office of the Coordinator of Inter-American Affairs, mais conhecido como Birô Interamericano.
Criado em 1940, o Birô Interamericano fazia parte da política cultural externa dos Estados Unidos em todo o continente americano para frear a influência alemã nazista. O cenário era a Segunda Guerra Mundial, resultado do apetite imperialista das potências econômico-militares da época. Havia um consenso entre os grandes países industrializados de que não bastava comercializar os produtos para fidelizar os países parceiros. Era preciso também conquistar as mentes e os corações por meio de propaganda cultural. Essa era mais uma estratégia para angariar aliados e isso foi usado deliberadamente pelas grandes potências. Os Estados Unidos, por exemplo, utilizaram como arma – além daquelas utilizadas em uma guerra – o cinema, o rádio, as revistas e a promessa de um mundo livre, repleto de progresso científico-tecnológico.
Com vida breve, até 1946, quando foi descontinuado, o Birô Interamericano atuou no Brasil com o apoio do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), do governo Vargas. A parceria com a agência governamental brasileira facilitou o trabalho dos agentes estadunidenses, que usaram o cinema, o rádio e as revistas como importante ferramenta política para difusão de propaganda pró-Estados Unidos.
O Birô também atuava na área de intercâmbio, destinando mais de um terço de suas bolsas para jovens estudantes brasileiros. Em 1942, por exemplo, podia-se estudar nos Estados Unidos em áreas como siderurgia, construção naval, armamentos e fabricação de aviões. Um efeito que se observou da atuação do Birô no Brasil foi sobre a cultura de negócios. Contava-se com empolgação sobre a indústria estadunidense e suas técnicas organizacionais, apresentadas aos brasileiros em programas de cunho educacional. Isso influenciou os empresários brasileiros ao ponto de absorverem dos estadunidenses hábitos que se refletiam inclusive no âmbito linguístico, ao passarem a usar termos comuns para a crescente automatização nas fábricas ianques, como estandardização.
É também dessa época a popularização no entretenimento das produções hollywoodianas, com personagens como Carmen Miranda e Zé Carioca, representantes brasileiros na arte estadunidense. Denota-se daí também o esforço de apresentar ao público dos Estados Unidos as nações vizinhas da América Latina, sob os dogmas da política da Boa Vizinhança. Mesmo com poucos anos de atuação, o Birô Interamericano, assim como os Estados Unidos na guerra, saiu-se vencedor, conforme podemos facilmente observar à nossa volta até os dias de hoje.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
SANTOS, Sandro Martins de Almeida. O papel dos Estados Unidos na difusão do inglês no Brasil (1937-2006). 2007. Dissertação (Mestrado em Relações Internacionais) Universidade Federal Fluminense, 2007.